O surto de doença por coronavírus que ocorre desde dezembro de 2019 fez com que muitos países solicitassem que as pessoas ficassem em quarentena.
A pergunta que fazemos é: como ela impacta nossa saúde mental?
Descubra neste artigo os detalhes de uma pesquisa científica abrangente sobre o assunto, e como se manter mentalmente saudável, diminuindo os impactos negativos da quarentena na sua vida.
[ Este artigo é uma adaptação e resumo da pesquisa “The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence“. ]
ÍNDICE DE CONTEÚDO
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Agora vamos ao conteúdo...
Uma pesquisa que estudou o impacto da quarentena de epidemias de 2004 a 2019 revelou que há sim efeitos psicológicos negativos na população. Entre eles sintomas de estresse pós-traumático, depressão, confusão e raiva.
Estes efeitos são decorrentes do medo de infecção, frustração, tédio, suprimentos inadequados, informações inadequadas, perda financeira e estigma.
Vamos analisar estas causas, e dar dicas de como manter a saúde mental durante a quarentena.
Quarentena é a separação e restrição do movimento de pessoas que foram potencialmente expostas a uma doença contagiosa para verificar se ficam doentes, reduzindo assim o risco de infectar outras pessoas.
A palavra quarentena foi usada pela primeira vez em Veneza, Itália, em 1127, quando ocorreu uma epidemia de hanseníase, e foi amplamente usada em resposta à Peste Negra.
Mais recentemente, a quarentena foi usada no surto da doença de coronavírus 2019 (COVID-19). Esse surto fez com que cidades inteiras na China fossem efetivamente colocadas em quarentena em massa, enquanto muitos milhares de estrangeiros voltando para casa da China foram solicitados a se auto isolar em casa ou em instalações estatais.
Em 2003, cidades inteiras na China e no Canadá ficaram em quarentena durante o surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS), enquanto vilas inteiras em muitos países da África Ocidental foram colocadas em quarentena durante o surto de Ebola de 2014.
A quarentena geralmente é uma experiência desagradável para quem passa por ela. A maioria dos efeitos adversos advém da imposição de uma restrição de liberdade.
A separação dos entes queridos, a perda de liberdade, a incerteza sobre o status da doença e o tédio podem, ocasionalmente, criar efeitos dramáticos. Foi relatado suicídio, raiva e ações judiciais após a imposição de quarentena em surtos anteriores.
Analisando a pesquisa linkada acima, podemos evidenciar alguns fatos importantes:
Os níveis de estresse pós-traumático eram quatro vezes maiores em crianças que estavam em quarentena do que naquelas que não estavam.
Estudos relataram distúrbios emocionais, depressão, estresse, humor baixo (tristeza), irritabilidade, insônia, sintomas de estresse pós-traumático, raiva e exaustão emocional.
Pessoas relataram medo, nervosismo, tristeza, e culpa.
Apenas 5% relataram sentimentos de felicidade e 4% relataram sentimentos de alívio.
Dois estudos relataram efeitos a longo prazo da quarentena.
Os que estavam em quarentena apresentavam sintomas mais graves de estresse pós-traumático do que os membros do público em geral que estavam em quarentena.
Estes profissionais também sentiram maior estigmatização do que o público em geral, exibiram mais comportamentos de esquiva após quarentena, relataram maior perda de renda e foram consistentemente mais afetados psicologicamente: relataram substancialmente mais raiva, aborrecimento, medo, frustração, culpa, desamparo, isolamento, solidão, nervosismo, tristeza, preocupação e eram menos felizes.
A equipe em quarentena apresentou uma probabilidade significativamente maior de relatar exaustão, desapego de outras pessoas, ansiedade ao lidar com pacientes febris, irritabilidade, insônia, baixa concentração e indecisão, deterioração do desempenho no trabalho e relutância em trabalhar ou consideração de demissão.
Três estudos mostraram que durações mais longas de quarentena estavam associadas especificamente a problemas de saúde mental. E aqueles em quarentena por mais de 10 dias apresentaram sintomas de estresse pós-traumático significativamente maiores do que aqueles em quarentena por menos de 10 dias.
Houve relatos de temores de pessoas sobre sua própria saúde ou medo de infectar outras pessoas. As pessoas preocupadas tendiam a ser mulheres grávidas e aquelas com crianças pequenas.
Demonstrou-se frequentemente que o confinamento, a perda da rotina habitual e o contato social e físico reduzido com outras pessoas causam tédio, frustração e uma sensação de isolamento em relação ao resto do mundo, o que foi angustiante para os participantes. Essa frustração foi exacerbada por não poder participar das atividades diárias do dia-a-dia.
O fornecimento de suprimentos básicos inadequados (por exemplo, comida, água, roupas ou acomodação) durante a quarentena foi uma fonte de frustração e continuou associado a ansiedade e raiva 4 a 6 meses após a liberação. Ser incapaz de obter cuidados médicos regulares e prescrições também pareciam ser um problema para alguns participantes.
Muitos participantes citaram informações fracas das autoridades de saúde pública como estressores, relatando diretrizes claras e insuficientes sobre as ações a serem tomadas e confusão sobre o objetivo da quarentena
A perda financeira pode ser um problema durante a quarentena, com pessoas incapazes de trabalhar e tendo que interromper suas atividades profissionais sem planejamento avançado; os efeitos parecem duradouros. Nos estudos revisados, a perda financeira resultante da quarentena criou sérios problemas socioeconômicos e foi considerada um fator de risco para sintomas de distúrbios psicológicos, raiva e ansiedade vários meses após a quarentena.
Pessoas em quarentena precisam entender a situação.
Fique longe das fakenews de What’s App. Busque fontes confiáveis como os canais das autoridades públicas e veículos de informação renomados.
Uma rotina leve, porém constante irá ajudar sua mente a se manter organizada dentro de casa.
Horários definidos para acordar, se alimentar, se divertir, conversar, se informar e dormir são importantes.
Controle também o seu estoque de alimentos, medicações, produtos de limpeza e higiene pessoal. Se necessário, compre esses itens de uma só vez, porém sem exageros, pois a quarentena geralmente dura poucos dias.
O horário de começar e terminar de trabalhar é fundamental.
Tirar o pijama, colocar uma roupa mais formal e definir um espaço de trabalho específico dentro de casa ajuda seu cérebro a entrar no modo produtivo.
Evite a todo custo se fechar em si mesmo e desenvolver uma atividade adoecedora ou viciante. Lembre-se de quem está próximo de você, e ofereça ajuda.
Use a tecnologia para comunicação com familiares e amigos atualizando-os sobre sua situação. E garanta também que eles estejam bem.
Isso irá reduzir sentimentos de isolamento, estresse e pânico.
Está provado que tédio e isolamento causam angústia (vide pesquisa).
Por isso, você precisa saber o que fazer para evitá-los e ter atividades práticas e prazeirosas nos horários livres.
Retome aquele hobby ou passatempo que adora, leia aquele livro interessante, ou aproveite para consertar aquela parte da casa que sempre deixou para depois.
Assistir uma boa palestra do TED Talks para ampliar a mente é uma ótima dica.
Tudo isso irá manter sua mente ocupada e sadia.
Se deixar levar pela timeline infinita das redes sociais é muito fácil. Porém isso pode te levar a um sentimento de inutilidade e frustração.
Dose o tempo que fica nas redes sociais e aproveite melhor atividades offline como:
Ah… Faça aquela higienização de timeline. Aproveite para deixar de seguir aquelas pessoas que não lhe acrescentam coisas boas.
Com as academias fechadas, é tentador interromper suas atividades físicas. E se você não estava fazendo exercícios antes da quarentena saiba que eles são fundamentais para sua saúde mental.
Mens sana in corpore sano. (Mente sadia, corpo sadio.)
O Youtube está cheio de vídeos de como se exercitar dentro de casa. E se você mora em uma região que não possui aglomerações (e se não houver restrições governamentais), pode sair para caminhar ou correr.
Recomendo nosso artigo “O que é saúde mental?” que fala sobre atividade física.
A quarentena mais longa está associada a piores resultados psicológicos, talvez sem surpresa, pois é lógico que os estressores relatados pelos participantes poderiam ter mais efeito quanto mais tempo eles experimentassem. Restringir a duração da quarentena ao que é cientificamente razoável, dada a duração conhecida dos períodos de incubação, e não adotar uma abordagem excessivamente preventiva a isso, minimizaria o efeito nas pessoas.
As pessoas em quarentena geralmente temiam ser infectadas ou infectar outras pessoas. Eles também costumam ter avaliações catastróficas de quaisquer sintomas físicos experimentados durante o período de quarentena.
Garantir que as pessoas em quarentena tenham uma boa compreensão da doença em questão e os motivos da quarentena devem ser uma prioridade.
É preciso garantir que as famílias em quarentena tenham suprimentos suficientes para suas necessidades básicas e, o que é mais importante, elas devem ser fornecidas o mais rápido possível.
Os próprios profissionais de saúde geralmente ficam em quarentena e, assim como o público em geral, são afetados negativamente pelas atitudes estigmatizantes de outros.
Estar separado de uma equipe com a qual está acostumado a trabalhar em contato próximo pode aumentar os sentimentos de isolamento dos profissionais de saúde em quarentena. P
Portanto, é essencial que eles se sintam apoiados por seus colegas imediatos. Durante surtos de doenças infecciosas, verificou-se que o apoio organizacional protege a saúde mental da equipe de saúde em geral e os gerentes devem tomar medidas para garantir que seus funcionários apóiem seus colegas em quarentena.
O impacto psicológico da quarentena é realmente amplo, substancial e pode ser duradouro.
Isso não sugere que a quarentena não deva ser usada; os efeitos psicológicos de não usar a quarentena e permitir que a doença se espalhe podem ser piores.
Se a quarentena é essencial, você deve tomar todas as medidas para garantir que essa experiência seja o mais tolerável possível para si mesmo e para sua família.
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Se cuide!
Achei excelente conteúdo e vou compartilhar os conteúdos em minhas redes sociais.
Gratidão
Que bom, Sandy! Agradeço de coração… Me siga também lá no Instagram @Alex Carnier. Abraço!