As últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde são de que a cada cem mortes que ocorrem no mundo uma foi provocada pelo próprio indivíduo. O Setembro Amarelo é a campanha que visa falar sobre isso: o suicídio.
Ainda segundo a OMS, 90% dos casos de óbitos por suicídio poderiam ser evitados se os sinais fossem identificados e a pessoa tivesse recebido o apoio e o tratamento adequado.
São informações que tocam profundamente, por isso, preparei um conteúdo especialmente para falar sobre isso e como podemos ajudar. Vamos conferir?
ÍNDICE DE CONTEÚDO
O Setembro Amarelo começou com a morte de Mike Emme, morador do Colorado, nos Estados Unidos.
Mike era visto como um jovem brincalhão, esforçado, caridoso e habilidoso.
Havia comprado e restaurado um Mustang 1968, pintando-o de amarelo, o que chamava a atenção por onde passava.
Em setembro de 1994, com 17 anos, Mike cometeu suicídio, deixando seus pais e amigos perplexos por não terem percebido que ele não estava bem e precisava de ajuda.
Para o seu velório, familiares e amigos organizaram centenas de cartões todos amarrados com fitas amarelas para serem distribuídos a todos que fossem despedir-se de Mike.
Em cada cartão continha a seguinte frase: “Se precisar, peça ajuda.”.
Também haviam telefones de contato.
O resumo da história é que, nos dias seguintes, as pessoas começaram a ligar para os números disponibilizados pedindo apoio porque estavam pensando em morrer diante das aflições e medos que sentiam.
O impacto da ação atravessou fronteiras e, dessa forma, nasceu a associação Yellow Ribbon (Fita Amarela, em português), uma organização sem fins lucrativos que já distribuiu mais de 20 milhões de cartões e ajudou a salvar mais de 114 mil vidas.
Devido ao alto índice de pessoas que tiravam suas vidas, em 2003 a OMS instituiu a data de 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, escolhendo a cor amarela em homenagem ao Mike para representar a campanha.
Já o Setembro Amarelo é organizado desde 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (SBP), em parceria com Conselho Federal de Medicina (CFM), contando com a colaboração do Centro de Valorização da Vida, o CVV.
Os órgãos aproveitaram a data mundial do dia 10 de setembro para idealizar uma campanha nacional aqui no Brasil.
O assunto suicídio ainda envolve muitos mitos e o Setembro Amarelo se propõe a esclarecer as verdades que existem por trás desse ato tão triste e solitário.
A Sociedade Brasileira de Psiquiatria com o Conselho Federal de Medicina elaboraram uma cartilha denominada: Suicídio, informando para prevenir.
Entre os seus conteúdos, o material elenca os mitos que ainda cercam o assunto.
Vou resumi-los para você:
A maioria das mortes por suicido tem por causa um distúrbio mental, o que significa que a pessoa que intenta o suicídio não está em perfeito equilíbrio para tomar decisões.
Suas emoções e pensamentos ficam comprometidos, de forma que essa pessoa não está em um estado normal de consciência, e precisa ser ajudada nessa hora a ser dissuadida a cometer o ato.
Isso também não é verdade.
Quando a pessoa é devidamente tratada, esse risco se reduz ou é eliminado para sempre.
Realmente a pessoa que manifesta vontade de morrer quer chamar a atenção, mas no sentido de pedir ajuda e não de blefar necessariamente.
Acreditar que quem ameaça está sempre blefando é um erro muito perigoso.
A maioria das pessoas que tentaram suicídio manifestou seus pensamentos antes de cometer o ato, quer seja para um profissional, um amigo ou um familiar.
Muitas pessoas acreditam que a melhora no quadro depressivo de uma pessoa com pensamentos suicidas significa que o perigo passou.
Isso não é verdade.
A pessoa pode estar se sentindo mais aliviada exatamente porque tomou a decisão de cometer o ato.
Mais um mito muito perigoso que o Setembro Amarelo vem esclarecer por meio dos profissionais que coordenam a campanha.
A pessoa que tentou dar fim à própria vida fez porque não suportou um determinado sofrimento. Se esse sofrimento não for trabalhado adequadamente junto aos profissionais de saúde mental, as ideações suicidas continuarão acontecendo mesmo após uma tentativa frustrada.
O período de recuperação do paciente após a tentativa de suicídio é um momento especialmente perigoso, afinal, ele ainda está muito fragilizado e o risco de tentar novamente é alto.
Um dos mais importantes legados do Setembro Amarelo é que precisamos falar mais sobre suicídio.
Essa atitude pode aliviar a aflição daquele que está pensando em fazer e salvar vidas.
A mídia tem o importante papel de informar e educar a população, por isso, tem o dever de falar sobre o assunto de forma clara e construtiva.
O que existe é uma orientação do Conselho Federal de Medicina e da Sociedade Brasileira de Psiquiatria sobre como a informação deve ser dada:
São vários os fatores que podem levar uma pessoa a cometer suicídio.
Segundo a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, cerca de 96,8% dos casos de suicídio que ocorrem no Brasil estão relacionados a transtornos mentais.
Os mais comuns são:
Traumas ou dificuldades para lidar com situações do dia a dia também estão entre os fatores que podem levar uma pessoa a desejar a própria morte.
Entre essas situações estão:
Condições limitantes de saúde também favorecem o comportamento suicida.
Se você está se sentindo deprimido, sofrido e desesperançado, com pensamentos suicidas, e deseja mudar o quadro, procure alguém para falar da sua dor, medos e aflições.
Isso alivia o sofrimento e ajuda a pensar melhor sobre a situação.
Além disso:
Para quem percebeu que um amigo ou familiar está deprimido, sem ânimo e com pensamentos suicidas, também é possível ajudar para evitar o ato.
O primeiro passo é não julgar e buscar compreendê-lo na dor ou no vazio que está sentindo.
Ouça-o respeitando os seus sentimentos e depois pergunte de que forma você pode ajudar.
Seja empático e proativo, buscando alternativas para auxiliá-lo imediatamente.
Faça ele se sentir seguro e se a pessoa estiver com ideações ou pensamentos suicidas não adie a decisão de procurar imediatamente a ajuda de profissionais da saúde mental, seja o psicólogo ou o psiquiatra.
Eles irão intervir de forma a evitar um caso potencial de suicídio.
A ajuda profissional nessa hora é indispensável, por isso, incentive a pessoa a também procurar auxílio médico e terapêutico.
Quando a dor bater, a desesperança for maior que a vontade de viver e você sentir que não tem com quem conversar, procure o CVV.
O Centro de Valorização da Vida realiza um serviço especializado na prevenção do suicídio.
O atendimento é gratuito, 24 horas, e pode ser realizado por telefone no número 188 ou ainda por chat ou e-mail. Acesse o site https://www.cvv.org.br/.
Toda a conversa é sigilosa, você será ouvido e receberá todo o apoio emocional que necessita para acalmar os pensamentos e aliviar a sua dor.
Agora que você compreendeu a importância do Setembro Amarelo, que tal compartilhar esse conteúdo para que ele chegue em mais pessoas e contribua para lidar com a dor do próximo?
Excelente… Parabéns pela produção do artigo. Utilizarei em sala de aula. Em turmas do 7º ano.
Obrigado meu caro Francisco! É sempre um prazer ajudar com a psicoeducação! Depois me fale como foi. Me siga lá no instagram.com/alexcarnier pra batermos um papo. Abraços e sucesso nas aulas!