A psicologia humanista é uma linha teórica da ciência psicológica que trabalha com a integralidade do indivíduo, e enfatiza conceitos como livre-arbítrio, auto-eficácia e auto-atualização.
Em vez de se concentrar nas doenças mentais ou na disfunção, a psicologia humanista se esforça para ajudar as pessoas a atingir seu potencial e maximizar seu bem-estar.
Neste artigo iremos conhecer esta interessante força da psicologia, e saber como ela pode nos ajudar em nosso autodesenvolvimento.
Vem comigo!
ÍNDICE DE CONTEÚDO
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Agora vamos ao conteúdo...
A psicologia humanista, também conhecida como humanismo, surgiu na década de 1950 como uma reação à psicanálise e ao behaviorismo que dominavam a psicologia na época.
A psicanálise estava focada na compreensão das motivações inconscientes que conduzem o comportamento enquanto o behaviorismo estudava os processos de condicionamento que produzem comportamento. Alguns psicólogos viam essas características como limitações.
Os pensadores humanistas achavam que tanto a psicanálise quanto o behaviorismo eram pessimistas demais, concentrando-se nas emoções mais trágicas ou deixando de levar em conta o papel da escolha pessoal.
O humanismo, por exemplo, rejeitou os pressupostos da perspectiva behaviorista, caracterizada como determinística, focada no reforço do comportamento estímulo-resposta e fortemente dependente da pesquisa com animais.
Os psicólogos humanistas também rejeitaram a abordagem psicanalítica fundada por Freud, porque também considerarem determinística, com forças irracionais e instintivas inconscientes que determinam o pensamento e o comportamento humanos.
Nesse contexto a psicologia humanista se desenvolveu
Essa era uma abordagem nova e mais holística, que se concentrava menos em patologias, experiências passadas e influências ambientais no comportamento de uma pessoa e mais no lado positivo da natureza humana.
À medida que se desenvolvia, a psicologia humanista focava no potencial de cada indivíduo e enfatizava a importância do crescimento e da auto-realização.
A crença fundamental da psicologia humanista é que as pessoas são naturalmente boas e que os problemas mentais e sociais resultam de desvios dessa tendência natural.
O humanismo também sugere que as pessoas possuem uma agência pessoal e que são motivadas a usar o livre arbítrio para buscar coisas que as ajudem a alcançar seu pleno potencial como seres humanos.
Essa necessidade de realização e crescimento pessoal é um motivador essencial de todo comportamento.
As pessoas estão continuamente procurando novas maneiras de crescer, melhorar, aprender coisas novas e experimentar crescimento psicológico e auto-atualização.
Algumas das idéias e conceitos que surgiram como resultado do movimento humanista incluem ênfase em coisas como:
Veja abaixo os conceitos mais importantes:
A psicologia humanista começa com as suposições existenciais de que as pessoas têm livre-arbítrio.
Agência pessoal é o termo humanístico para o exercício do livre arbítrio. Agência pessoal refere-se às escolhas que fazemos na vida, aos caminhos que seguimos e às suas consequências.
De acordo com essa linha, as pessoas são basicamente boas e têm uma necessidade inata de melhorar a si mesmas e ao mundo.
A abordagem humanística enfatiza o valor pessoal do indivíduo, a centralidade dos valores humanos e a natureza criativa e ativa dos seres humanos.
A abordagem é otimista e concentra-se na nobre capacidade humana de superar dificuldades, dor e desespero.
A autorrealização diz respeito ao crescimento psicológico, realização e satisfação na vida.
Tanto Rogers quanto Maslow consideravam o crescimento pessoal e a realização na vida um motivo humano básico. Isso significa que cada pessoa, de maneiras diferentes, procura crescer psicologicamente e continuamente se aprimorar.
No entanto, Rogers e Maslow descrevem diferentes maneiras de como a auto-atualização pode ser alcançada.
Psicólogos humanistas argumentam que a realidade objetiva é menos importante do que a percepção subjetiva e a compreensão do mundo de uma pessoa.
Às vezes, a abordagem humanística é chamada fenomenológica. Isso significa que a personalidade é estudada do ponto de vista da experiência subjetiva do indivíduo.
Para Rogers, o foco da psicologia não é o comportamento (Skinner), o inconsciente (Freud), o pensamento (Wundt) ou o cérebro humano, mas como os indivíduos percebem e interpretam eventos. Rogers é, portanto, importante porque ele redirecionou a psicologia para o estudo do eu.
Rogers e Maslow deram pouco valor à psicologia científica, especialmente ao uso do laboratório de psicologia para investigar o comportamento humano e animal.
O humanismo rejeita a metodologia científica como experimentos e normalmente usa métodos de pesquisa qualitativa. Por exemplo, contas de diário, questionários abertos, entrevistas não estruturadas e observações não estruturadas.
A pesquisa qualitativa é útil para estudos em nível individual e para descobrir em profundidade as maneiras pelas quais as pessoas pensam ou sentem (por exemplo, estudos de caso).
A maneira de realmente entender as outras pessoas é sentar e conversar com elas, compartilhar suas experiências e estar aberto a seus sentimentos.
O humanismo rejeitou a psicologia comparada (o estudo dos animais) porque não nos diz nada sobre as propriedades únicas dos seres humanos.
O humanismo vê os seres humanos como fundamentalmente diferentes de outros animais, principalmente porque os seres humanos são seres conscientes capazes de pensamento, razão e linguagem.
Para os psicólogos humanistas, as pesquisas com animais, como ratos, pombos ou macacos, tinham pouco valor.
Pesquisas sobre esses animais podem nos dizer, argumentaram eles, muito pouco sobre o pensamento, o comportamento e a experiência humanos.
A terapia humanista abrange uma abordagem da gestalt terapia, explorando como uma pessoa se sente no aqui e agora, em vez de tentar identificar eventos passados que levaram a esses sentimentos.
Apesar desta escola desenvolver tratamentos para transtornos mentais como a depressão, a psicologia humanista ajudou a remover parte do estigma que associava a terapia apenas a esses transtornos.
Ela tornou mais aceitável que indivíduos normais e saudáveis explorassem suas habilidades e potencial através da terapia.
A terapia humanista é a aplicação desta linha teórica, e se concentra na natureza individual de uma pessoa, em vez de categorizar grupos de pessoas com características semelhantes como tendo os mesmos problemas.
Ela olha para toda a pessoa, não apenas do ponto de vista do terapeuta, mas do ponto de vista dos indivíduos que observam seu próprio comportamento.
A ênfase está nos traços e comportamentos positivos de uma pessoa e na capacidade de usar seus instintos pessoais para encontrar sabedoria, crescimento, cura e satisfação dentro de si.
Assim como outras linhas terapêuticas, a terapia humanista é usada para tratar depressão, ansiedade, distúrbios de pânico, transtornos de personalidade, esquizofrenia, dependência e problemas de relacionamento, incluindo relacionamentos familiares.
Pessoas com baixa auto-estima, que estão tendo problemas para encontrar seu objetivo ou alcançar seu verdadeiro potencial, que não se sentem completas, que buscam significado pessoal ou que não se sentem à vontade como são, também podem se beneficiar da terapia humanista.
Além disso, o terapeuta humanista fornece uma atmosfera de apoio, empatia e confiança que permite ao indivíduo compartilhar seus sentimentos sem medo de julgamento.
O terapeuta não age como uma figura de autoridade, ao contrário, o relacionamento entre cliente e terapeuta é igual.
O desenvolvimento inicial da psicologia humanística foi fortemente influenciado pelos trabalhos de alguns teóricos importantes, especialmente Abraham Maslow e Carl Rogers.
Outros pensadores humanistas de destaque incluem Rollo May e Erich Fromm.
Abaixo está a cronologia do desenvolvimento desta linha teórica:
Em 1943, Maslow descreveu sua hierarquia de necessidades em “Uma Teoria da Motivação Humana”, publicada na Psychological Review.
Mais tarde, no final da década de 1950, Abraham Maslow e outros psicólogos realizaram reuniões para discutir o desenvolvimento de uma organização profissional dedicada a uma abordagem mais humanista da psicologia. Eles concordaram que tópicos como auto-atualização, criatividade, individualidade e tópicos relacionados eram os temas centrais dessa nova abordagem.
Em 1951, Carl Rogers publicou a Terapia Centrada no Cliente, que descreveu sua abordagem humanista e direcionada ao cliente.
Em 1957 e 1958, a convite de Abraham Maslow e Clark Moustakas, foram realizadas duas reuniões em Detroit entre psicólogos interessados em fundar uma associação profissional dedicada a uma visão mais significativa e humanista.
Em 1961, foi criado o Journal of Humanistic Psychology.
Foi em 1962, com o patrocínio da Universidade Brandeis, que a Associação Americana de Psicologia Humanista foi formada.
Também em 1962, Maslow publicou “Toward a Psychology of Being”, no qual descreveu a psicologia humanista como a “terceira força” da psicologia. A primeira e a segunda forças foram behaviorismo e psicanálise, respectivamente.
Nessas décadas, a psicologia humanista de expandiu e aumentou sua influencia no cenário mundial, dando uma nova perspectiva na compreensão do ser humano e das psicoterapias.
O movimento humanista teve uma enorme influência no curso da psicologia e contribuiu com novas formas de pensar sobre saúde mental.
Seu impacto pode ser entendido dentro de três áreas principais:
Embora a psicologia humanista continue a influenciar a terapia, a educação, a saúde e outras áreas, ela não ficou isenta de críticas.
Ela é frequentemente vista como muito subjetiva; a importância da experiência individual torna difícil estudar e medir objetivamente os fenômenos humanísticos.
Como podemos objetivamente dizer se alguém é auto-realizado? A resposta, é claro, é que não podemos. Só podemos confiar na própria avaliação do indivíduo sobre sua experiência.
Outra crítica importante é que as observações são inverificáveis; não há maneira precisa de medir ou quantificar essas qualidades.
O humanismo adota deliberadamente uma abordagem não científica para estudar seres humanos. Talvez este seja o motivo desta linha não ter um grande impacto na psicologia acadêmica se comparado com as outras forças da psicologia.
Os psicólogos humanistas rejeitaram uma abordagem científica rigorosa da psicologia porque a consideravam desumanizante e incapaz de capturar a riqueza da experiência consciente.
De muitas maneiras, a rejeição da psicologia científica nas décadas de 1950, 1960 e 1970 foi uma reação contrária ao domínio da abordagem behaviorista na psicologia norte-americana.
Por exemplo, sua crença no livre-arbítrio está em oposição direta às leis deterministas da ciência.
Além disso, as áreas investigadas pelo humanismo, como consciência e emoção, são muito difíceis de serem estudadas cientificamente
O resultado de tais limitações científicas significa que há uma falta de evidência empírica para apoiar as principais teorias da abordagem.
Como vimos, esta é uma importante abordagem teórica da psicologia, e influenciou novas metodologias no tratamento e no desenvolvimento das pessoas em terapia.
O humanismo pode fornecer uma nova compreensão em relação às características de um indivíduo, e uma visão mais holística do comportamento humano, em contraste com a posição reducionista da ciência.
Pessoalmente acredito que não precisamos pensar nas três escolas de pensamento (behaviorismo, psicanálise e humanismo) como elementos concorrentes.
Cada ramo da psicologia contribuiu para a nossa compreensão da mente e do comportamento humanos.
A psicologia humanista apenas acrescentou uma outra dimensão que adota uma visão mais holística (total) do indivíduo, e cabe a nós psicólogos e pacientes, explorar este linha terapêutica em prol do equilíbrio da mente e da saúde interior.
Se cuide!
A perspectiva humanista não rejeita o método científico. No texto há confusão entre técnicas experimentais e método científico. Abordagens qualitativas fazem parte do método científico.
Olá Tiago! Agradeço sua contribuição, meu caro. O texto não diz que a psicologia humanista rejeita o método científico, mas que rejeita uma abordagem científica rigorosa (como o rigor de um behaviorismo radical, por exemplo). Compreendo o método científico como diretrizes para construção do conhecimento a partir de evidências verificáveis. Como dito acima, alguns aspectos desta abordagem não lida com este tipo de constatação (assim como a psicanálise). Obviamente este modo de compreender os fenômenos comportamentais não diminui o valor desta 3a onda… Esta é a minha compreensão sobre o assunto. Como você vê a questão da metodologia científica na… Read more »